O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reagiu neste sábado a declarações de integrantes do governo de São Paulo que acusaram o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) de fazer perseguição política contra a administração tucana. O órgão, ligado ao ministério, investiga formação de cartel em licitações de trens no Estado.
"Chegou a hora de as pessoas públicas no Brasil pararem de aplaudir os órgãos de investigação apenas quando estes investigam adversários e de reclamarem de perseguição política quando esses mesmos órgãos investigam seus parceiros", disse o ministro à Folha.

SP vai à Justiça para obter documentos sobre investigação de cartel

Questionado se emitia um recado aos tucanos, afirmou: "Vale para todo mundo da política."

Como a Folha revelou, a multinacional alemã Siemens apresentou às autoridades brasileiras documentos que registram a negociação com representantes do Estado.

"É lamentável que se tente politizar uma apuração feita por um órgão sério, isento, de atuação internacional reconhecida e feita a partir de uma acordo de leniência (espécie de delação premiada do mundo da concorrência)", acrescentou.

O governo de São Paulo apresentou um mandado de segurança à Justiça para obter documentos da investigação do Cade. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse ser inadmissível o vazamento de informações "por baixo do pano" sem que o Estado tenha acesso ao processo do órgão de defesa.

Cardozo, entretanto, disse que o Cade só pode fornecer essas informações por meio de autorização judicial, e que foi a própria instituição que orientou a administração paulista a procurar a Justiça para obter os documentos.